segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Reflexão

Há dias em que o tempo passa de vagar, sentimos falta de algo que não sabemos o que seja, queremos mais nesta luta constante pela felicidade, contudo esquecemo-nos como somos seres sortudos aos quais foi dado o prazer de serem os agentes únicos na transformação do seu futuro.
Hoje depois de ter dedicado a tarde a reflexão a nível profissional, sim porque ser estudante é uma profissão e reflectir sobre a nossa missão uma condição imposta e grandemente necessária. Decidi que precisava de fazer uma meditação mais profunda sobre o caminho ate chegar a etapa final da realização de um sonho.
Pois é todo começou a 23 anos quando num dia de verão nasce uma menina frágil, desses anos lembro-me de muito pouco adorava brincar com o meu primo e desejava entrar para a escola pois queria aprender a ler para contar histórias aos meus filhos, uma colecção de peluches que decora a minha cama.
Na verdade queria tanto ler, que essa acabou por ser a maior frustração da minha vida durante anos, algo em mim era diferente das outras crianças, pois adora livros, mas não conseguia ler como todas as outras crianças da minha idade, não adiantava, tentava e tentava, mas nunca conseguia e para me chatear mais dava muitos erros em tudo quanto escrevia.
Sempre adorei construir histórias que fantasiava com os meus bonecos, pois havia algo diferente em mim que eu demorei a descobri o nome e como combater, algo chamado dislexia, algo que me atrapalhava e me irritava, pois não conseguia ser igual aos outros. Aliás esse sempre foi um dos dois únicos sonhos que nunca irei realizar. Contudo hoje sei que ser diferente é ser especial e que devo lutar por mim e não para provar nada aos outros.
Deste modo, durante toda a minha escolaridade básica aprendi admirar os professores e os auxiliares de acção educativa, na verdade encontrei em alguns deles o amparo necessário para seguir em frente. Confesso que muitas vezes foi neles que encontrei a força necessária para seguir e para ultrapassar os risinhos desagradáveis dos colegas.
Aprendi a admirar os professores e sonhava, um dia vir a ser como eles, mas nunca partilhei esse sonho, pois achava impossível, como se uma pessoa que mal conseguia escrever de forma clara pudesse entrar na universidade.
Mas a cada riso ao crítica do grupo do costume pensava que um dia poderia ser eu dar aulas e ajudar as nossas crianças a ser felizes aprendendo e mesmo com todas as contrariedades estudei.
Ao chegar ao 9ºano deixei-me levar pelo resto da turma, queria muito integrar o grupo e comecei-me a baldar ao estudo, troquei a fila da frente pela de trás, deixei o estudo para que estudar se continuava a dar erros sem saber porque, foi nessa altura que apanhei um susto estávamos no final do 1º período do meu 9º ano e corria o risco de chumbar com o numero de negativas, qual era a solução deixar o grupo e passar de novo a excluída e começar a estudar, ou continuar no grupo e perder um ano da minha vida era a duvida. Confesso que hesitei não sabia o que fazer os professores tinham todas as razões na criticas que me faziam e eu sabia,mas deixar o que havia conquistado com tanto esforço, contudo ouve alguém que teve uma conversa demasiado seria comigo Regina Dias, a professora francês e D.T que me perguntou com todas as letras o que queria do meu futuro buscar a realização ou entregar um grupo que não era meu, a resposta demorou a sair, mas o bom censo falou mais alto e a ajuda destra extraordinária pessoa passei o ano.
Acabei o 9º ano e mais uma dúvida existencial pairou na minha mente, que área vou seguir? Amava Humanidades, todavia era impensável seguir essa área naquele momento. Não sei bem como nem porque inscrevi-me num curso tecnológico de informática, pois achava que depois do acabar me dava bagagem para trabalhar numa loja com recepcionista.
Entrei numa escola nova, numa turma só de rapazes e acabei por encontrar em algumas professoras o amparo necessário para conseguir concluir o 10º e 11º anos, confesso que durante estes anos levei muito nas orelhas para me aplicar e acabar o curso, foi no final deste ano que descobri que era disléxica e que tinha de mudar de escola. Um drama mudar de escola porque tinha deixado duas disciplinas em atraso e porque no liceu tinha um acompanhamento devido para o meu problema, mas na verdade essa era a escola onde iria voltar a ser gozada e eu sabia. Mas mais uma vez ouve um grupo magnífico de pessoas que me ajudou a escolher o caminho certo.
Entrei no Liceu a medo, mas hoje tenho a firme certeza que foi a melhor escolha da minha vida, foi no liceu que comecei o acompanhamento adequado ao meu problema, e foi no liceu que conheci a outra voz do meu íntimo a escrita.
Após acabar o 12º ano concorri a universidade e entrei no curso que sempre queria Educação Básica, mas mais uma vez foi a sorte que me acariciou porque a minha primeira escola era serviço social curso que felizmente não entrei por uma décima.
Ao chegar a universidade felizmente ouve uma pessoa que me disse que não ia conseguir, contudo já consegui provar o contrario, pois graças as meninas maravilhosas eu contactei o SAPE e consegui um maravilhosa ajuda para encarar todos os meus problemas.
Hoje a entrar em mestrado quero reafirmar que foi graças a pessoas maravilhosas que consegui realizar o sonho de educar!
Há nomes que jamais vou esquecer, porque são exemplos a seguir! Obrigada!

Esta reflexão é um forma de agradecer o apoio prestado durante a minha realização deste sonho*